quinta-feira, 22 de junho de 2017

PRODUÇÃO TEXTUAL DA CRÔNICA "AS AVES DE GUERRA"

ESCOLA HILDA OLIVEIRA SÁ
PARAGOMINAS - PA

PRODUÇÃO DE TEXTO
Professor: Eduardo Emer
Aluno: Matheus Carvalho
Ano: 9º B

Gênero: crônica

VERSÃO 1:

Fim de tarde, o céu era invadido de pipas coloridas, quea molecada solta.Tem uns que soltam para praticar, mas outros e em combate para sobrevivência, com suas linhas chilenas ou linhas com cerol, tinhas lutas de dois, três ou mais pipas no qual apenas uma seria vencedora voaria no céu e as derrotadas, caindo em terra e os meninos corredores tentam salvar a pipa como um troféu.

Orientações:
Obs. 1 – nesse trecho do texto verifique o emprego da vírgula após o adjetivo coloridas. É preciso retirá-lo;

Obs. 2 – creio que nesta parte você possa alonga-la detalhando um pouco mais a ação da molecada até o momento em que as pipas são soltas no ar. Será possível usar uma figura de linguagem, como a prosopopeia, para dizer de outra maneira o trecho demarcado;

Obs. 3 – evite a forma verbal em destaque. Mesmo que a crônica tenha traços de coloquialismo, dependendo de quem a escreve, use o verbo haver no sentido de existir;

Obs. 4 – o uso do verbo em destaque deve ser acompanhado por um complemento verbal. A molecada solta o quê? É possível que as simples pipas se tornem máquinas ou aves que alçam voos para duelarem, batalharem nos ares? Acredito que sim! A linguagem literária, através das figuras de linguagem, permite que você dê essa conotação ao trecho em questão.

Obs. 5–não há necessidade de explicar o que os garotos fariam com suas pipas. Essa informação já é implícita no texto. Se você quiser, pode excluir do texto essa palavra. Aproveite para descrever(mas nãos e alongue) e narrar comportamentos e ações da molecada, isso enriquecerá sua narrativa. Em vez de afirmar, ser muito direto, sugira o que eles farão com as pipas, o que dará início à construção do elemento/situação surpresa.

Obs. 6 - evite a forma verbal em destaque. Mesmo que a crônica tenha traços de coloquialismo, dependendo de quem a escreve, use o verbo haver no sentido de existir;

Obs. 7 – no trecho em destaque, é possível empregar uma conjunção aditiva como o “e” que é a mais comum. Assim ficaria: vencedora e voaria...É necessário estabelecer essa relação entre as duas palavras através da conjunção, pois é uma nova informação que você acrescentou para dar continuidade à consequência dos que combateram com suas pipas.

Obs. 8 – após a palavra terra, que tal empregar um ponto em seguida? Se fizer assim, no próximo período você começará a criar o desfecho para os eu texto. Se quiser, comece um novo parágrafo abaixo de (...) caindo em terra e os meninos (...). Assim, você teria:

(...) caindo em terra.
Os meninos (...)

Obs. 9 – Alongue seu texto. É claro que existem crônicas bem curtas, mas creio que você deva escrever um pouco mais e, quem sabe, depois pode eliminar os excessos. Narre mais e seja econômico nas descrições.
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VERSÃO 2:

Sempre no final de tarde, o céu era invadido por aves, aves que estavam presas com linhas que os donos seguravam, uns deixavam próximo ao chão outros, outros deixavam ate onde sua linha aguentava, masnão eram pássaros comuns, mas sim aves de guerra.Quase toda hora tinha disputa, o sobrevivente continuava no céu, já os derrotados estavam caindo em queda livre, os meninos, por sua vez corriam em direção a onde a sua recompensa cairia, mas qualquer vacilo no final, pode-lhe custar uma pipa roubada.
     No combate, não há regras, uns usam linhas chilenas ou as linhas com cerol, para que assim cortandoa linha e se prender a pipa no fio será premio do vencedor.Mas quando escurece todos os meninos recolhem suas pipas como uma revoada de pássaros em busca de um local quentinho para passar a noite, e depois começara tudo de novo.

Orientações:
Obs. 1 – Após ter lido essa versão de sua crônica verifiquei uma expressão que poderia ser usada como título para seu texto. Na próxima reescrita, se quiser, pode empregar aves de guerra como título. Gostei muito do sentido e peso que essas palavras dão a sua crônica. É forte!

Obs. 2–percebi que seu texto foi alongado e ganhou novos trechos. Muito bem! Ainda assim, é necessário que você mantenha o foco no fato observado por você. Creio que seu texto narre abrincadeira de soltar pipas. Não é isso? Que tal se você o começasse narrando e descrevendo como os garotos se preparam para a batalha com suas pipas?

Obs. 3 – repetições são bem vidas em crônicas desde que sejam intencionais e cumpram uma função ou efeito estilístico. Isso se chama aliteração que, quando bem usada, valoriza poeticamente seu texto. Se essa foi a sua intenção, então não há nenhum problema, mas não abuse desse recurso.

Obs. 4 – nesta passagem do texto, é possível empregar um ponto em seguida.

Obs. 5 – empregue uma vírgula após a palavra chão.

Obs. 6 -perceba que no treco em destaque não há coerência, uma continuidade da ideia anterior: aguentava, masnão eram pássaros. Nesse caso, verifique a coerência entre as ideias desse trecho. É possível que você insira um ponto em seguida após a palavra aguentava. Com o resto do trecho inicie um novo parágrafo.

Obs. 7 – gostei muito desta ideia: (...) não eram pássaros comuns, mas sim aves de guerra. Por isso sugeri, em outra observação, que você adotasse aves de guerra como título. Nesse caso, a metáfora, embora seja muito simples, trouxe mais peso quanto aos sentidos e conotações da ideia contida no trecho em questão.

Obs. 8 – como já disse em outro momento, evite empregar o verbo ter no sentido de existir. Prefira haver.

Obs. 9 – em vez de dizer objetivamente que as pipas caiam, que tal se você utilizasse mais literalidade para expressar essa ideia. Lembre-se de que a linguagem literária torna seu texto mais “colorido” como as pipas, mais alegre e cheio de expressividade. Em muitos casos, falar da realidade exatamente como ela é, não há graça alguma. Pense nisso!

Obs. 10–empregue uma vírgula entre as palavras vez e corriam.

Obs. 11 – a forma é aonde. Se preferir, pode retirá-la do texto, o que não prejudicará o entendimento das ideias.

Obs. 12 – empregue um ponto em seguida após a palavra cairia.

Obs. 13– a norma culta prescreve pode custar-lhe e não pode-lhe custar (...). Em muitos casos é possível que se desconsidere a prescrição da norma e fazer uso de informalidades por motivos estéticos, sonoros e mesmo gráficos. Assim, você também poderia ter: lhe poderia custar.

Obs. 14 – é possível agregar ao artigo unstermos mais específico como garotos, moleques, meninos.

Obs. 15 – empregue uma vírgula entre que e assim.

Obs. 16 – entendi o que você quis expressar no trecho em destaque, mas verifico que está confusa a ideia nele presente, a maneira como as palavras foram articuladas para formar a sentença destacada. Reescreva o trecho.

Obs. 17 – retire a conjunçãomas e recomece o mesmo trecho em outra linha, em um novo parágrafo.

Obs. 18 – excelente ideia usar a comparação para tornar simples pipas em pássaros em revoada. Muito bem!
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VERSÃO 3:

 

Aves de guerra

     Todo dia de tarde é sempre a mesma zona, pipas voando no céu, feitos pássaros livres. Há pipas de formatos e cores diferentes, uns feitos com sacola plástica e outros feitos com papel de seda, todas elas com suas rabiolas cheias de tiras coloridas de papel, feito penas de pavão.
     Mas os papagaios tinham seu lado territorial, chegou perto, o combate era intenso, ou você recuava ou lutaria ate um dos dois perdesse sua preciosa ave de diversas maneiras, e para humilhação geral a ave vencedora tentava aparar a pipa pela rabiola usando o seu fio, as aves guerreiras sempre em combate. Mas no primeiro som do trovão, de imediato todas saiam correndo para seu abrigo, pois a chuva não tem misericórdiacom essas aves, com suas flechas perfurando a pipa até cair em terra toda espatifada, sem chance de voar novamente.
   Todo dia é assim no céu uma zona de guerra que sempre recomeça que todos querem ver.

Orientações:
Obs. 1 – Após ter lido a última versão de seu texto, verifiquei que ele está muito mais claro, consistente e com mais recursos expressivos. Ainda assim, sugiro a você que o reescreva mais uma vez. Tudo bem? Para isso, eu pensei em um pequeno roteiro para o seu texto. É apenas uma sugestão. Se você tiver mais ideias pode inseri-las na nova reescrita.

Obs. 2 – Reaproveite alguns trechos da SEGUNDA REESCRITA, principalmente o primeiro parágrafo.

Obs. 3 – preserve esta ideia.


PARTE I – A PREPARAÇÃO PARA A GUERRA
·         Narre como os garotos se preparam para a “batalha” com suas aves de guerra. Faça isso sem revelar que se trata de pipas (o elemento surpresa). Crie uma atmosfera particular como se, de fato, os meninos estivessem indo para uma guerra com suas AVES ou PÁSSAROS DE GUERRA.

- momento do dia;
- onde se reúnem;
- como agem na construção de suas AVES ou PÁSSAROS;
- o que usam para fazer isso;
- seus olhares para o céu, a pressa para terminar de construir seus PÁSSAROS;

PARTE II – A BATALHA
·         Neste novo momento de sua crônica, eu sugiro que você ponha em destaque os comportamentos da garotada, suas expressões faciais, o discurso direto com a fala dos garotos. A maneira como conduzem suas pipas deve ser evidenciada. Não se preocupe tanto em descrever os comportamentos. Narre mais. É o momento da “batalha”. AINDA NÃO REVELE O ELEMENTO SURPRESA, embora seu leitor já saiba do que se trata. Continue tratando as pipas como AVES ou PÁSSAROS DE GUERRA.

- o céu;
- o vento;
- o carretel de linha;
- o jeito de ser moleque;
- as falas;

PARTE III – QUEM VENCE? HÁ VENCEDORES? TODOS GANHAM OU PERDEM?
·         Agora é hora de iniciar o final da “batalha” dos ares. Antes, o céu estava enfeitado pelas AVES; agora, muitas delas começam a despencar do céu. Neste momento é preciso evidenciar que a brincadeira foi um sucesso para uns e um fracasso para outros que correm em socorro aos seus PÁSSAROS FERIDOS, quebrados, destroçados. Suas rabiolas caem lentamente até tocar o chão ou engatar-se em alguma fiação elétrica. Não esqueça que estou apenas sugerindo algumas ideias para sua produção de texto, mas o que deve prevalecer são as suas.



VERSÃO 4:

As aves de guerra
Sempre final de tarde, o céu era invadido por aves, aves que estavam presas com linhas que os donos seguravam. Uns colocavam próximo ao chão, outros deixaram onde sua linha aguentava.
Havia aves de cores e formatos diferentes. Todas elas com suas rabiolas cheias de tiras de papel colorido feito penas de pavão que decoram o céu com sua mistura de cores.
Antes da guerra, os garotos se reunião em suas casas para a preparação. Para eles, as aves não tinham de ser só bonitas a vista. Tinham que ser ágeis e resistentes, e para isso, usam papéis de seda, tiras de papel e plástico, gravetos de palmeiras de coqueiro ou de bambu.
Mas não era só a paz que reinava ali, pois esses pássaros não eram comuns, mas sim aves de guerra.
Os papagaios tinham seu lado territorial. Chegou perto,o combate era tenso. Ou você recuava ou lutaria até o que sobrasse uma pipa no céu. Ao olhar para o céu veem os seus adversários testando a força do pássaro em combate.
Quase toda hora tinha disputa. O sobrevivente continuava no céu tentando conseguir capturar a ave pelo fio para a humilhação geral, e os meninos, por sua vez, corriam atrás das aves que não eram capturadas para aumentar seu arsenal de guerra.
No combate não havia regras, uns usam linhas chilenas coloridas ou linhas com cerol para que assim cortasse a linha mais facilmente.O vento também tinha que favorecer o combate, pois sem vento não há guerra. E o mais importante que os meninos se preocupam e o som do carretel de linha, se a linha não for boa, nem tente lutar, pois é uma luta perdida, a garotada com suas caras olhando para as aves, ficam concentrados na hora de alguém tentar... na batalha também havia provocações...
Com as aves prontas, os meninos olham para o céu observando principalmente para as nuvens, pois a chuva é o inimigo número um das aves. Mas no primeiro som do trovão, de imediato todas as aves saiam voando para seu abrigo, pois a chuva não tinha misericórdia com as aves. Com suas flechas, perfuravam as aves até que elas caiam em terra, toda espatifada sem chance de voar novamente.
Todo dia é assim, uma zona de guerra das pipas-pássaros que nunca termina e que todos querem ser sempre.

Orientações:
Matheus, li teu texto e verifiquei que está muito mais evoluído que as versões anteriores, embora seja preciso reescrevê-lo mais uma vez para corrigir algumas inadequações ortográficas, semânticas e sintáticas. Vejo que você progrediu bastante quanto ao uso das figuras de linguagem como comparações e metáforas simples. Ainda assim, é preciso lapidar um pouco mais as ideias que constituem tais figuras. É preciso refinar a escrita. Não se esqueça que a escrita é um diamante bruto que precisa ser lapidado para se tornar um joia de alto valor. Você está no caminho certo.
No parágrafo mais extenso de seu texto, percebi que está um pouco confuso, com ideias meio inacabadas. O que houve? Nessa parte do texto é preciso manter a coerência entre as ideias para que tudo esteja em harmonia e não haja TEXTO DEMAIS PARA HISTÓRIA DE MENOS. Cuidado!

Vamos aos detalhes:
Obs. 1: empregue um pronome possessivo entre ose donos.

Obs. 2:é interessante quando você diz “sua mistura de cores”, mas pode ficar melhor se isso fosse sugerido através de uma linguagem mais literária e conotativa. Então poderia ser: aquarela de cores... Paleta de cores...

Obs. 3: penso que as ideias presentes nesse parágrafo devam ser menos descritivas e mais narrativas. Não se ocupe tanto em descrever objetos, pessoas, momentos, etc. Que tal se você invertesse a ordem desse parágrafo e o realocasse no início de seu texto? Pense!

Obs. 4: se você estiver se referindo ao verbo reunir no passado, pretérito imperfeito, deve escrever reuniam em vez de reunião que é sinônimo de encontro.

Obs. 5: sabendo que coloquialismo é bem vindo nas crônicas, mas não em excesso, evite empregar o verboter no sentido de dever.

Obs. 6: realoque esse pequeno parágrafo em outra parte do texto. Que tal no final quando você revela, embora seu leitor já saiba, o seu elemento “surpresa”?

Obs. 7: Em vez de dizer “Os papagaios tinham seu lado territorial”, você poderia abusar um pouco mais da subjetividade, da conotação para expressar a mesma ideia. Veja que esse trecho está muito direto, realista demais.

Ex: As pipas-pássaros defendiam astutamente seus pedaços de céu naquele sem fim de ventos azuis...

Obs. 8: isso que você escreveu é uma excelente ideia!!! Muito bom! Que tal se você construísse mais algumas frases que complementasse o eixo principal dessa ideia?

Obs. 9: a ideia da chuva como inimigo maior de todas as pipas-pássaros é muito legal. Creio que você possa incrementar um pouco mais o parágrafo em que está essa ideia. Não esqueça que a linguagem literária é uma aliada para dar mais expressividade ao seu texto. Nesse momento em sua crônica você deve desenvolver melhor a TENSÃO que resultará no desfecho de sua história.


VERSÃO 5:

As aves de guerra
Final de tarde, o céu era invadido por aves, aves que estavam presas por linhas que eram os únicos elos entre elas e a terra. Havia aves de cores e formatos diferentes. Todas elas tinham rabiolas que eram como pavões psicodélicos que tingiam o céu deixando-o como uma imensa aquarela de cores. Nem toda a beleza de suas cores disfarçava a batalha aérea que aconteceria ali.
Antes da guerra, garotos se reunião em seus quartéis. Cada um preparava seus combatentes como se fossem aves de guerra, pipas-pássaros que não deveriam ser apenas bonitas, deveriam ser ágeis e resistentes, e, para isso, usavam papéis de seda, gravetos de palmeiras de coqueiro ou de bambu.
As aves de guerra defendiam com astúcia seus pedaços de céu no interminável soprar de ventos azuis. A qualquer aproximação, o combate começava. Ou recuava ou lutaria até que sobrasse apenas uma pipa no céu. A todo instante um novo combate. Quem sobrevivesse, continuaria no céu, reinando absoluto, imponente, cabeceando agudamente as correntes de ventos que pareciam pincelar de branco o caminho por onde deslizavam. Na batalha havia também provocações: “dá linha, penoso!”, “vou aparar pelo gasgo”, “deixa de ser chorão”, “aí vai-te!”. Em meio à correria, eram tantas linhas e, mesmo assim, ainda não sei como eles não se enrolavam. Era uma trança de fios. A rua era um grande tear a céu aberto.
O respeito e a glória seriam os prêmios para o vencedor. Mas antes disso, a molecada na rua precisaria aumentar seu arsenal de guerra com mais aves-pipas, por isso, correr atrás dos pássaros feridos, captura-los e restaurá-los era uma das formas de ser vitorioso naquela disputa que era testemunha dos semitons de azul-claro-celeste ao azul-marinho pontilhado pelas primeiras estrelas da noite.
Nem vencedores nem perdedores. O que ainda estava por vir e era anunciado pelas nuvens negras, pois a chuva, o inimigo número um daquelas aves de batalha, aproximava-se e apaziguaria o combate que seguia intenso. No primeiro estrondo de trovão, de imediato todas as aves voavam endoidecidas para seus abrigos, pois o temporal que era como um mar vertical não teria misericórdia daqueles pássaros. Como flecha, a chuva perfurava cada ave e não importava a que exército pertencesse. Pobres aves! Lentamente caiam por terra, espatifadas, sangrando em cada furo, sem chance de voar novamente.
Todo dia é assim, uma zona de guerra. Basta um dia para que a molecada e suas aves de guerra enfeitem novamente os céus, prontas para o combate. Não importa a chuva e nem quem seja vencedor. Serão elas que levarão para além do azul a brincadeira e até mesmo os sonhos de todos aqueles valentes soldados da arte de brincar.




sexta-feira, 14 de abril de 2017

Vai um "pretinho" aí, motóra?

Vai um “pretinho” aí motóra?


Depois da escola e do almoço, me sentei em frente de minha casa vendo o movimento da rua e de um posto de combustível que fica do outro lado bem na direção da casa onde vivo com meus pais. Esse posto é uma coisa muito fantástica, meio disco voador ou pista de aeroporto. Nessa região de Paragominas existem outros postos, mas não tão iluminados como esse.
Nesse posto, vive uma molecada que tenta levantar um trocado para suas casas. Eu mesmo, só os vi ali quando me sentei em frente de casa para olhar os imensos caminhões se arrastando no pátio desse posto em um vai e vem sem parar. Lá de casa, eu vejo e escuto tudo até mesmo quando não quero porque o barulho de motores, arrancos e frenadas são constantes sem contar os “bibis” das buzinas, o que é uma loucura. Apenas a rua e uma cerca de arame separam minha casa desse pátio, assim não perco nada. Escuto a molecada gritando “vai um ‘pretinho’ aí?”, “vai um ‘pretinho’ aí?”.
Percebi que em suas mãos os garotos levavam dois ou três apetrechos, e nenhum deles estava ali sem esse material. A tarde foi passando, eu continuei sentado no banquinho construído pelo meu pai, quando de repente, notei que um grupo deles corria para outra área do posto, e em meio a eles, estava uma menina. Claro que estranhei ao ver uma garota junto com aqueles meninos, também gritando “vai um ‘pretinho’ aí motóra?” Acho que ela já trabalhava ali fazia algum tempo porque estava tão à vontade com os demais que até parecia ser um deles. Sandália de cabresto, short meio bermuda, um boné escroto na cabeça e camiseta de moleque mesmo.
Em muitos momentos daquela tarde, inclusive a menina, todos corriam desesperados de um lado para o outro daquele lugar, enquanto um homem que parecia ser o gerente do estabelecimento, trajando um uniforme azul, espantava-os de onde eles estivessem, esbravejando, fazendo gestos com as mãos para o alto, muito irritado com a presença dos garotos ali:
— Vão pra casa de vocês ou vou chamar o conselho tutelar pra levar todo mundo!
            Enquanto corriam, não era raro de se ouvir risos e gargalhadas entre eles porque tudo parecia uma brincadeira, era uma festa. Novamente achegavam-se aos caminhões dizendo, “Bora dá um ‘grau’ no caminhão motóra?” Discutiam tanto, matavam-se em gritos e, no final de tudo, cediam lugar à garota para que pudesse usar o que chamavam de “pretinho”.
Eu tive muita curiosidade e, naquela tarde, não resisti e fui até a cerca de arame para ver a molecada bem de perto. Já era um pouco tarde, e isso era possível de se notar porque o sol que, antes os castigava, se escondia bem no horizonte do outro lado da rodovia, na direção do meu bairro e parecia que era um espetáculo somente nosso, o que era incrível. E nesse mesmo momento milhares de passarinhos faziam revoadas da mata em direção ao posto procurando um lugar aquecido para repousar à noite. Enquanto isso, eu estive parado junto àquela cerca com os dedos engatados nela. O interessante é que eles nem notavam minha presença ali. Se me viam, ignoravam-me porque nenhum deles olhou para mim.
Por que suas mãos eram tão sujas? Mais de perto pude ver que nelas carregavam um pedaço de esponja e um frasco com um líquido escuro que passavam nas rodas dos caminhões. Só assim entendi que o líquido de cor escura era o tal “pretinho” que ofereciam aos gritos para os motoristas. Era coisa forte porque não saia assim tão fácil das unhas e encardia suas mãos. Passavam o produto em todos os pneus do veículo que os deixavam com aparência de novos, tinindo, cara de zerinho, zerinho... E eu que pensei que fosse comida...

Sem mais trabalho para o dia, a garotada começava a se dispersar. Os meninos iam embora e a passarada chegava, fazendo uma zoeira só, eram milhares dispersos nos ares e pareciam com os moleques fugindo do gerente, mas, dessa vez, ele os espantava com estouros de rojões para alto. A festa continuava por conta das aves, enquanto os meninos do “pretinho” iam para suas casas, silenciando as gargalhadas e risos. Em outra tarde, quem sabe, as gargalhadas e os risos, o por do sol, a cerca, meu banquinho e eu, todos estivéssemos ali, naquele mesmo lugar.

Texto semifinalista da Olimpíada de Língua Portuguesa 2016. Autor: Arthur Silva, com orientações do Professor Eduardo Emer.

domingo, 12 de março de 2017

COLEÇÃO DE PINTURAS E QUADROS 2017

APRESENTO A MINHA COLEÇÃO DE PINTURAS E QUADROS 2017

A cerca


Bicudo

Bicudos

Creta 2

Creta

Flamingos

Galáxia

O boto-sabiá

O riacho

O vértice

Quatro irmãos

Secret garden 2

Secret garden





MATIAS - uma escada para dois destinos

"MATIAS" ESTÁ ENTRE OS DEZ LIVROS MAIS VENDIDOS NESSA SEMANA!
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domingo, 8 de janeiro de 2017

EBOOK

MATIAS
Uma escada para dois destinos


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"Tudo lhe era encantador demais para passar despercebido. O barulho dos automóveis, embora fosse incômodo, indicava para ele que o movimento da cidade era diferente ao que estava acostumado em Santarém. Ele não pensava, apenas se deixava seduzir pelos gemidos brutais das máquinas".

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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Trecho do livro "A ilha"

A ilha


"Durante o tempo em que a lenha ardia e estalava no fogo, e a água fervia, borbulhava, Firmino retirou mais alguns copos com água de dentro do pote e foi para a janela da cozinha e pôs-se a derramar pequenas doses de água na mão feita como cumbuca para jogar a água sobre o rosto comprido, enrugado, moreno, de boca grande a lábios negros. Em poucos minutos, retirando o excesso de água do rosto, voltou ao fogão e passou o café que foi bebido à porta que dava para o grande campo alagado da fazenda, findado por uma imensa parede de floresta que se estendia em círculo ao redor da Princesa do Norte".